
Simpósios Temáticos
1. O multiculturalismo e o ensino de História: possibilidades e desafios
Cleonice Elias da Silva (UENP)
Dalmo Alexsander (SEE/SP; UNIFESP)
Uma definição suscinta sobre o multiculturalismo nos leva a reforçar que ele se refere às mudanças demográfica e, também, culturais que marcam as sociedades em nossa contemporaneidade. Nesta conjuntura, vivenciamos uma complexa diversidade cultural, a qual gera efeitos tanto positivos quanto negativos, essas diferenças estão relacionadas à raça, à etnia, ao gênero, à sexualidade, à cultura, à religião, à classe social, à idade, às necessidades especiais ou a outras dinâmicas sociais (MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 7). O ambiente escolar tem que estar apto para lidar com esses aspectos, valorizando as pluralidades culturais, e as diversidades em suas diferentes manifestações. Em linhas gerais, de acordo com Ana Canen (2002, p. 176), o multiculturalismo pode possibilitar uma educação que contribua com uma sociedade que assume um propósito mais justo e democrático, contrapondo-se aos radicalismos ou dogmatismos que congelam as identidades e perpetuam as discriminações. Ele se opõe à verdade que pretende assumir um valor único e à pretensão de neutralidade da ciência, uma vez que busca por respostas que sejam plurais que incorporam as diversidades culturais em diferentes esferas da sociedade, incluindo a da educação (CANEN, 2002, p. 178). Nesse sentido, o presente seminário temático pretende reunir discussões que consideram a urgência do ensino de História na educação básica assumir propósitos alinhados às demandas multiculturais, ressaltando as possibilidades e importância dessa perspectiva, assim como não desconsiderando os desafios que se fazem presente tendo em vista que propostas curriculares conservadoras ainda têm respaldo nas redes de ensino no país.
Ensino de História; Multiculturalismo; Desafios.
CANEN, Ana. Sentidos e dilemas do multiculturalismo: desafios para o novo milênio. In: LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elisabeth (Orgs.). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez, 2002. p. 174-195.
MOREIRA, Antônio Flávio; CANDAU, Vera Maria (Orgs.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. 2ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
2. Preservação dos Bens Culturais: História, Memória, Identidades e Educação
Janete Leiko Tanno (UENP)
Rosiney Aparecida Lopes do Vale (UENP)
Elisangela Machieski.
O Grupo de Pesquisa sobre Preservação dos Bens Culturais: História, Memória, Identidades e Educação Patrimonial realiza estudos e reflexões acerca dos bens culturais no Brasil. Sob esse aspecto, privilegia o patrimônio material e imaterial brasileiro, além dos espaços de memória e saber como centros de documentação, museus e instituições escolares. Nessa perspectiva, considera-se fundamental, o questionamento constante da patrimonialização dos bens culturais, como mecanismos de (re)produção de valores, de ideias, de pessoas e grupos, em detrimento de outros, em especial aqueles ligados às minorias em geral. Busca-se, assim, articular as seguintes questões: preservação do patrimônio material e imaterial, a democratização desses bens e a educação na busca por ações que valorizem as diferenças e o relacionamento saudável e harmonioso entre as diversidades, por meio de estudos e atividades que problematizem as identidades étnico-raciais, de gêneros e outras identidades presentes no social.
Patrimônio Cultural, Memórias; Educação
ABREU, Regina; CHAGAS, Mário (orgs.). Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009.
FONSECA, Maria Cecília Londres. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. Rio de Janeiro:Editora da UFRJ; Minc-Iphan, 2005.
CHUVA, Márcia. Os arquitetos da memória: Sociogênese das práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil (anos 1930-1940). Rio de Janeiro: UFRJ
3. As relações étnico-raciais e o ensino de História: abordagens e propostas para uma educação antirracista
Erica da Silva Xavier (UEL)
Luciana de Fátima Marinho Evangelista (UEL)
Luana Pagano Peres Molina (UEL)
A reivindicação por uma educação antirracista no Brasil, ganhou respaldo legal com a homologação da lei 10.639/03, por inserir na Lei de Diretrizes e Bases de 1996, a obrigatoriedade do ensino da Cultura e História africana e afro-brasileira nos currículos educacionais do sistema público e privado da educação básica. É importante ressaltar, que tal lei se apresenta como uma política de ação afirmativa, com intuito de induzir transformações de ordem cultural, pedagógica e psicológica, visando tirar do imaginário coletivo a ideia de supremacia racial e/ou de gênero ((GOMES apud ALMEIDA, SANCHES, 2017). Mesmo, após 19 anos da implementação desta lei, o que podemos perceber é que ainda há muitas restrições na escola, em materiais didáticos e de professores, tanto na formação quanto em suas práticas pedagógicas, sobre uma efetiva apropriação da história e cultura africana, para atingir uma educação antirracista, baseada principalmente, na empatia histórica e na equidade social. Neste sentido, este simpósio pretende discutir tais questões, como também, abordagens e propostas teóricas-metodológica voltadas a temática africana e afro-brasileira em seu sentido mais amplo, buscando desconstruir estereótipos, estigmas e versões únicas que se refere ao negro, apenas como um sujeito escravizado. Percebemos, que refletir como o ensino de história pode agir no pensamento histórico de modo a contribuir para uma educação antirracista, valorizando a diversidade e práticas educativas voltadas à educação das relações étnico-raciais e relacionada ao povo preto é fundamental.
Ensino de História; Antirracismo; Educação.
ALMEIDA, Marco Antônio Bettine de; SANCHES, Lívia Pisauro. Implementação da Lei 10.639/2003 – competências, habilidades e pesquisas para a transformação social. In: http://www.scielo.br/pdf/pp/v28n1/1980-6248-pp-28-01-00055.pdf Acesso em 21 set. 2022.
BOLONHEZI, Camila Samira de Simoni; PRIORI, Angelo; SILVA, Ana Lúcia. (orgs). Ensino de História, diversidade e Educação antirracista. 1.ed. - Curitiba: Brazil Publishing, 2020.
CATEN, Artêmio. A prática da educação étnico-racial: Um estudo da implantação da lei federal 10.639/03 no Paraná a partir do professor como leitor do livro didático público. Cascavel: Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Dissertação de mestrado, 2010.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro. Acesso em: 21 ago. 2022. 2005
MOTA, Thiago Henrique (Org.) Ensino antirracista na Educação Básica: da formação de professores às práticas escolares [recurso eletrônico]. Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2021.
LEE, Peter. Por que aprender História? In: Educar em Revista. Curitiba, Brasil, n42, Editora UFPR, out/dez/2011, p. 19-42.
RÜSEN, Jörn (2015a) — Teoria da História: uma teoria da história como ciência. Curitiba: Editora UFPR.
SANTOS, Rosemeire dos. A Lei nº 10639/03: Entre Práticas e Políticas Curriculares. Dissertação de Mestrado apresentada para o Programa de Pós-graduação em História Social, UEL, 2014.
MULLER, Tania Mara Pedroso. Educação e Relações Étnico-Raciais: o Estado da Arte. Educ. rev. 34 (69). Mai-Jun 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/q8Fc6KBmPsnWp6h9kh5mhtG/?lang=pt . Acesso em 21 ago.2022.
4. História das religiões e religiosidades
Mauricio de Aquino (UENP)
Alfredo Moreira da Silva Júnior (UENP)
Luís de Castro Campos Júnior (UENP)
Partindo das atividades desenvolvidas no Núcleo de Pesquisa em História das Religiões da Universidade Estadual do Norte do Paraná (NPHR-UENP), este Simpósio Temático pretende acolher e reunir trabalhos que abordem as relações entre história, religiões e religiosidades desde perspectivas analíticas plurais e sobre temas, temporalidades e espacialidades diversas, que venham a convergir para uma melhor compreensão do fenômeno religioso.
Fenômeno religioso; religiões; religiosidades
CORBIN, Alain (org.). História do Cristianismo: para compreender melhor o nosso tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
DELUMEAU, Jean; MELCHIOR-BONNET, Sabine. De religiões e de homens. São Paulo: Loyola, 2000.
HOCK, Klaus. Introdução à Ciência da Religião. São Paulo: Loyola, 2006.
MANOEL, Ivan Ap.; FREITAS, Nainora M. B. de (orgs.). História das religiões: desafios, problemas e avanços teóricos, metodológicos e historiográficos. São Paulo: Paulinas, 2006.
USARSKI, Frank (org.). O espectro disciplinar da Ciência da Religião. São Paulo: Paulinas, 2007.
5. História Ambiental, Economia e Cultura Material: pesquisa, teoria e método
Roberto Massei (UENP)
Caroline da Silva Oliveira. Mestre em História (UEL), Rede Municipal Cambé-PR.
Este Simpósio Temático tem por objetivo reunir trabalhos, pesquisas e reflexões em torno do eixo História Ambiental, Economia e Cultura Material. A sessão aceitará propostas que tenham como tema a História Ambiental, estudos e reflexões que envolvam a discussão sobre tecnologia, sociedade e cultura e economia. Por fim, serão aceitas também pesquisas que relacionem cultura e trabalho. Poderá receber, igualmente, propostas que se voltem para a Educação Ambiental, em suas várias interfaces. Propostas que tenham como temática o desenvolvimento econômico podem ser incorporadas à sessão de trabalho. O ST quer reforçar o caráter inter/transdisciplinar que deve ter os estudos sobre História Ambiental, Economia e Cultura Material.
História; Economia; Cultura Material.
MARQUES, Luiz. Capitalismo e colapso ambiental. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2015.
SAITO, Kohei. O ecossocialismo de Karl Marx: capitalismo, natureza e a crítica inacabada à economia política. Tradução Pedro Davoglio. São Paulo: Boitempo, 2021.
VEIGA, José Eli da (Org). Economia Socioambiental. São Paulo: Edições SENAC, 2009.
6. A Independência e os usos políticos do passado
Maura Leal (UNIFAP)
Paulo César Gomes (PPGH/UFF)
A Independência do Brasil vem sendo instrumentalizada de muitas maneiras ao longo da história, não somente nos aniversários de 1822. Este simpósio busca reunir reflexões sobre os usos políticos que são feitos acerca da Independência brasileira, em conexão com outros marcos históricos. Em um momento de intensa crise política e democrática, em que o passado é um campo de disputas entre diversos grupos sociais e instituições, o bicentenário da Independência representa um fator que intensifica essa dinâmica. Tal fator motiva profissionais das diversas áreas das Humanidades, como a História, que acabam forçados a revisitar essa efeméride e a ampla bibliografia disponível sobre ela. Busca-se compreender, portanto, as interpretações geradas sobre o passado acerca do evento da Independência do Brasil e como elas legitimam ou deslegitimam determinadas correntes políticas, através de usos políticos de personagens históricos ou eventos-chave com o objetivo de justificar ações, escolhas, ideias, sentimentos e agendas políticas do presente. Neste sentido, a história frequentemente é usada para legitimar projetos de poder e forjar identidades.
Independência; usos do passado; revisionismo
BRILHANTE, Neuma. O bicentenário da independência e os usos políticos do 7 de setembro, segundo esta historiadora (Entrevista): Bruno Leal entrevista Neuma Brilhante. In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/o-bicentenario-da-independencia-e-os-usos-politicos-do-7-de-setembro-segundo-esta-historiadora/. Publicado em: 07 set. 2020. ISSN: 2674-5917.
ALMEIDA, Juniele Rabêlo de; ROVAI, Marta G. de Oliveira (Orgs.). Introdução à História Pública. São Paulo: Letra e Voz, 2011
MALERBA, Jurandir (org.). A Independência brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006
PIMENTA, João Paulo. Independência do Brasil. São Paulo. Contexto, 2022
ROCHA, Igor Tadeu Camilo; PRATES, Thiago. Revisionismos, negacionismos e usos políticos do passado: uma apresentação. Cadernos de Pesquisa do CDHIS. Uberlândia, v. 34, n.2, p.3-14, jul./dez. 2021.
SCHWARCZ, Lilia Moritz et al. O sequestro da Independência: uma história da construção do mito do Sete de Setembro. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
7. Escrita histórica escolar: fontes, objetos e metodologias
Paulo Eduardo Dias de Mello (UEPG)
Luís Ernesto Barnabé (UENP)
Estudos sobre a escrita histórica escolar cresceram substancialmente no Brasil consolidando um amplo campo de pesquisas sobre a história do livro e da historiografia didática ou escolar. Esta consolidação se expressou por uma ampliação de publicações de teses, dissertações e artigos científicos mapeados por Choppin (2004), Bittencourt (2011), Munakata (2012) e Silva (2018) que realizaram levantamentos e indicam, numa perspectiva histórica, os principais temas eleitos, quais as instituições e grupos de pesquisas estão envolvidos nas investigações sobre livro didático no Brasil, tendo como especial relevo a escrita da história escolar. Nesse sentido, este Simpósio Temático busca acolher trabalhos que problematizem e reflitam sobre as diversas fontes, temas e problemas, e metodologias de estudo que tenham como foco a escrita histórica escolar, ou seja, o conhecimento histórico que é produzido para o meio escolar, e que analisem conteúdos e formas de produção, circulação, apropriações e seus usos.
Escrita histórica escolar; Livro Didático; Ensino de História
CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e Pesquisa, v. 30, n. 3, set./dez. São Paulo, FEUSP, 2004.
BITTENCOURT, Circe. Produção Didática de História: trajetórias de pesquisas. Revista de História, São Paulo, n. 164, jan./jun. 2011.
MUNAKATA. O Livro Didático: alguns temas de pesquisa. Rev. bras. hist. educ., Campinas-SP, v. 12, n. 3 (30), p. 179-197, set./dez. 2012.
SILVA, Anne Cacielle Ferreira da. Estado do conhecimento sobre o livro didático de história em dissertações e teses produzidas em programas de pós-graduação no Brasil (1990-2015). Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Paraná. Setor de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação. 2018.
8. O Social, o Político e a “Questão Regional”: fronteiras e tensões
Marcio Luiz Carreri (UENP)
Guilherme Alves Bomba (UEM)
O presente Simpósio pretende reunir em torno de sua composição variadas perspectivas de trabalho de história local e regional, concepção notadamente espacial; com a história social e a história política, estas no campo historiográfico e na análise. Os diversos temas que essas relações podem apresentar, como a reocupação, repovoamento, terras e territórios, seus sujeitos sociais como as comunidades indígenas, posseiros e trabalhadores, envolvidos em tensões nos processos da lei de terras, modernidade e ditadura militar, por exemplo, são mostras de como “a reprodução das relações sociais que viabilizam esse padrão de acumulação dá-se contraditoriamente sob determinadas (re)configurações de tempo e espaço”, e apresenta como expressão o aprofundamento da “questão social” e, consequentemente, o acirramento dos conflitos por intermédio das classes sociais, na tentativa incessante de se reproduzirem objetiva e subjetivamente (MEDEIROS, 2018), em diversos contextos, fronteiras e configurações sociais, em realidades heterogêneas, “em um ambiente geográfico variado que abarca grande diversidade” (HARVEY, 2013).
história social; história política; história regional
BARROS, Jose D´Assunção. História, região e espacialidade In: Revista de História Regional, v. 10. Ponta Grossa: UEPG, Verão, 2005, p.95-129.
HAESBAERT, Rogério. Região, regionalização e regionalidade: questões contemporâneas. Revista Antares: Letras e Humanidades. Rio Grande do Sul: UCS, n.3, p.02-24, jan/jun. 2010.
MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. 1a ed. São Paulo, Expressão Popular, 2008.
MEDEIROS, Evelyse. O Marxismo e a questão regional: elementos para análise. Dossiê Revista.Direito e Práxix. 9 (3). set 2018 • https://doi.org/10.1590/2179-8966/2018/36549.
OLIVEIRA, Francisco de. A questão regional: a hegemonia inacabada. Estudos Avançados. São Paulo: USP, n. 18, vol.7, p. 43-63, mai/ago. 1993.
SILVA, Marcos Antonio da (org.). República em migalhas: história regional e local. São Paulo: Marco Zero, 1990.